O texto abre brecha para privatizar o acesso, e não a praia em si, já que a parte frequentada por banhistas seguiria com a União. Um pedido de vista – mais tempo para análise – adiou nesta quarta-feira (4) a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de uma proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC das Praias, que estabelece mecanismos para a venda de áreas à beira-mar que pertencem à União. A PEC, caso promulgada, revogaria um trecho da Constituição que diz que os terrenos de marinha são de propriedade da União e com isso, seria permitida a transferência de propriedade desses terrenos para estados, municípios e entes privados. 🏖️Na prática, a proposta abre brecha para privatizar o acesso à praia, e não a praia em si, já que a parte frequentada pelos banhistas continuaria sendo do governo (entenda abaixo como vai funcionar). 'PEC das praias' volta a ser discutida no Senado O projeto já passou pela Câmara e caso aprovado na CCJ, precisa passar por duas rodadas de votação no plenário do Senado antes de ser enviado à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) . Em maio, o colegiado realizou um debate sobre o tema. Devido à repercussão negativa, a tramitação ficou parada desde então. A fim de remediar as críticas, o relator, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), incluiu em seu último parecer, publicado em julho, que as praias são “bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurados, sempre, livres e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido”. 🔎O novo texto proíbe “qualquer forma de utilização do solo que impeça ou dificulte o acesso da população às praias, nos termos do plano diretor dos respectivos municípios”. Com isso, fica a seleção dos municípios para definir como se dará o acesso às praias. Como funciona hoje As áreas à beira-mar de que trata a PEC são chamadas de terrenos de marinha e exigem uma faixa que começa 33 metros depois do ponto mais alto que a maré atinge. Ou seja, esses terrenos não abrangem a praia e o mar, região geralmente frequentada pelos banhistas. Essa parte continuaria pública. Os terrenos de marinha exigem uma camada mais atrás da praia, onde ficam geralmente hoteis e bares. Pela legislação atual, a União, dona dos terrenos de marinha, pode permitir que pessoas e empresas utilizem e até transmitam as terras aos seus herdeiros. Mas, para isso, esses empreendimentos têm que pagar impostos específicos. Como ficaria com a PEC O texto aprovado na CCJ do Senado prevê a autorização para a venda de terrenos de marinha a empresas e pessoas que já estejam ocupando uma área. Segundo o projeto, os lotes deixariam de ser compartilhados, entre o governo e quem os ocupa, e ficariam apenas um dono, como um hotel ou resort. A proposta aprovada prevê que só permaneçam com o governo áreas ainda não ocupadas e locais onde sejam prestados serviços públicos, como portos e aeroportos, por exemplo.
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