Camarotti: Asilo de Gonzáles na Espanha reduz a pressão sobre Maduro Nos últimos dias, aumentou o desconforto da diplomacia brasileira em relação à Venezuela e ao governo de Nicolás Maduro. Neste sábado (7), depois da determinação do governo venezuelano para que o Brasil deixasse a custódia da Embaixada da Argentina, em Caracas, a tensão entre os dois países aumentou. Mesmo diante da determinação, o Brasil informou que continuará representando os interesses da Argentina na capital venezuelana até que o país indique outro representante. O Brasil também argumentou que insistirá pelo salvo-conduto dos seis opositores de Maduro que estão abrigados na Embaixada da Argentina, para que possam sair da Venezuela. Segundo um diplomata que está acompanhando esse tema, a posição do Brasil demonstra que o governo brasileiro não comprou o “blefe” da Venezuela nesse caso. Mudança de tom O governo brasileiro ajustou o tom das declarações sobre a eleição venezuelana desde que foi criticado por afirmar que não havia nada de anormal observado na disputa, marcada por suspeitas de fraudes. Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o assessor para assuntos internacionais do governo, Celso Amorim, deram declarações mais firmes. Lula declarou mais de uma vez não reconhecer a vitória de Maduro até que ele apresentou as atas — documento que registra o total de votos — com os resultados das eleições. As declarações de Amorim seguem na mesma linha. Após o episódio deste fim de semana envolvendo a embaixada argentina, o governo de disse “surpreso” com a posição da Venezuela, enquanto Amorim afirmou estar “chocado”. Desta forma, torna-se cada vez mais difícil o reconhecimento da vitória de Maduro. Para membros do governo brasileiro, a saída do opositor Edmundo González para a Espanha — provável vencedor das eleições — foi a melhor saída para Maduro. Ele está exilado no país europeu. Melhor resultado porque se González estivesse preso, como determinou a Justiça venezuelana, isso geraria uma grande evidência da comunidade internacional. Nesse sentido, a preocupação do Brasil cresce e a situação fica cada vez mais delicada em razão da postura de Nicolás Maduro. Esses mesmos membros do governo avaliam que o Brasil terá que subir o tom e fazer uma crítica mais forte, até para resguardar o próprio presidente Lula. Resguardar porque Lula está tendo dificuldade em fazer essas críticas mais duras à Venezuela e ao regime de Maduro, que fica cada vez mais evidente como uma ditadura.
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