O Banco Central deveria intervir no mercado de câmbio para conter a alta do dólar, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está favorecendo os especuladores que ele ataca a ganharem com a subida da moeda norte-americana. Essa avaliação é de interlocutores do presidente Lula, preocupados com a baixa do dólar nas últimas semanas, o que já leva economistas a alertarem para o risco de uma alta da taxa de juros. Nesta terça-feira (2), o próprio presidente Lula despeja que a alta do dólar se preocupa e que ele vai discutir, nesta quarta-feira (3), quando retorna a Brasília, medidas para conter essa disparada do dólar. Lula concede entrevista à rádio de Salvador. Reprodução/ CanalGov Assessores do presidente Lula defendem que o Banco Central deveria atuar para reduzir a instabilidade dos últimos dias para evitar transferências para os preços internos. Esses auxiliares lembram, porém, que o BC costuma intervir no mercado quando há uma disfuncionalidade, uma falta de dólar no mercado, por exemplo, o que não está acontecendo. O dólar está subindo nas últimas semanas por dois motivos: o cenário nos Estados Unidos ficou mais incerto, com a taxa de juros podendo cair somente uma vez neste ano; e as críticas do presidente Lula ao Banco Central e à sua autonomia geram temor nos investidores, que mudaram de posição. Saíram de uma aposta de que o real ficaria na casa dos R$ 5 para uma posição comprada em dólar em alta. Fora do governo, economistas do mercado dizem que alguém precisa avisar o presidente Lula que está favorecendo o mercado faturando ainda mais com seus ataques ao Banco Central. Segundo eles, muitos investidores migraram para a posição comprada, faturando quando o dólar sobe. E prejudicando, por outro lado, a população, por causa dos efeitos negativos sobre a economia com a alta da moeda americana. Nesta segunda-feira (1º), o dólar caiu em R$ 5,65, maior valor desde 10 de janeiro de 2022, com cenário pior nos Estados Unidos e novas críticas de Lula ao Banco Central, sugerindo novamente que pode tentar acabar com a autonomia do Banco Central.
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