Parte da sigla acha que, se a proposta não beneficiar Bolsonaro, os petistas podem apoiar a iniciativa. Um dos projetos sobre o tema foi apresentado por petista. O deputado Odair Cunha (PT-MG), durante sessão na Câmara Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados O projeto que limita as delações premiadas pode unir forças dissonantes na política em torno de um objetivo maior. A proposta, que restringe a possibilidade de presos em fechar delação premiada, deixou o PT, partido do presidente Lula, dividido. O líder do PT, deputado Odair Cunha, disse que a bancada está dividida. Segundo ele, “há posições divergentes dentro do PT. A bancada se reúne na terça, e o que os deputados querem analisar é a questão jurídica e os efeitos políticos”. Na prática, tem muita gente com o entendimento de que a lei não retroagiria, ou seja, não afetaria delações já homologadas. Mas, diante das dúvidas, o partido está consultando juristas sobre o tema. Se não retroagir, a proposta não beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro – a possibilidade desse benefício é o pano de fundo do debate sobre o tema. A urgência já foi pautada e só não foi votada essa semana porque a sessão foi suspensa por conta da internação da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), depois de uma discussão na comissão de direitos humanos. O presidente da Câmara, Arthur Lira, com apoio do Centrão e da direita, pode votar uma urgência na semana que vem, já na próxima sessão. Aliados disseram que, na semana passada, líderes governamentais ouviram que a proposta poderia ser votada com urgência, e não reclamaram como estão reclamando agora. Deputados de partidos diversos, da base e da oposição, ouvidos pelo blog, destacaram que a proposta agrada o mundo político porque dá uma garantia de blindagem. “Se for comigo amanhã” é o pensamento atual, por isso a proposta pode passar com amplo apoio. É um debate que tem muitas camadas. Além dessa autoproteção, para evitar demoras de presos, os deputados também usam a proposta como moeda de troca para apoio e voto ao próximo presidente da Câmara. Os deputados dizem que é por isso que ela tem o apoio de Lira, que quer fazer seu sucessor. Há também o fator eleição municipal: essa proposta é um gesto para candidatos da direita, o que pode turbinar alianças e o desempenho deles no pleito. O projeto que está sendo considerado e tem apoio de Lira é do deputado Luciano Amaral, do PV. É um PL do ano de 2023. O deputado disse que pediu urgência porque não acha justa a delação a partir de alguém que está preso, não vê a possibilidade de alguém preso ter condições psicológicas pra delatar. Segundo ele, é preciso observar o histórico de delações anuladas. O deputado Luciano Amaral disse que conseguiu cerca de 400 assinaturas para pedido de urgência. E que, no momento que fez o pedido pra lira e líderes, “não teve nem discórdia”. Parlamentares do PL dizem que a delação de réu presa é um absurdo, e já “pegou esquerda e direita”. Segundo eles, esse assunto não tem foco no Bolsonaro porque o PL não entende que vai retroagir. É pra frear as próximas delações.
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