Para aliado de Lula, se confirmada suposta queixa do ministro, a situação de Almeida torna-se 'insustentável. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em imagem de 29 de agosto de 2024 Filipe Araújo/MINC O ministro Vinicius Marques, da Controladoria-Geral da União, foi escalado pelo presidente Lula para ouvir Anielle Franco (Igualdade Racial) nesta sexta-feira (6) sobre as supostas queixas de assédio sexual contra o colega Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos. A oitiva já terminou. Segundo um aliado do presidente com assento no Planalto, se o ministro tiver confirmado uma queixa, a situação de Almeida no governo torna-se insustentável. A disposição de Lula é de não terminar a sexta-feira sem uma resposta clara sobre o caso, que tomou o noticiário após a organização Me Too Brasil emitir nota pública confirmando que houve denúncias de assédio contra Silvio Almeida. O caso foi revelado pelo site Metrópoles. Ontem, o blog mostrou que informações “genéricas” sobre um “suposto assédio” de Almeida circularam entre membros do primeiro escalonamento desde o ano passado. Notas da Me Too e do ministro Veja o que disse a Me Too na nota em que confirma as denúncias contra o ministro: Nota Pública – Me Too Brasil – Caso Silvio Almeida A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e recebidas acolhimento psicológico e jurídico. Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentam dificuldades para obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizei a confirmação do caso para a imprensa. Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Por isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva grandes forças e influências associadas ao poder do acusado. A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são descobertos por instituições ou redes de influência. Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça. Para o Me Too Brasil, todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade, com uma abordagem baseada nos traumas das vítimas. Da mesma forma, tratamos os agressores, independentemente de sua posição, seja um trabalhador ou um ministro. Me Too Brasil O Me Too Brasil oferece escuta e acolhimento a todos os sobreviventes de violência sexual, por meio do site metoobrasil.org.br/ e do número 0800 020 2806, disponível em todo o território nacional. A organização fornece informações sobre possíveis reparações e oferece apoio psicológico contínuo, focado na saúde mental, no empoderamento e na residência da autonomia das vítimas. Atendemos todas as pessoas independentemente de raça, origem, identidade, classe, orientação sexual, poder de gênero, idade ou gênero. A identidade e os fatos relatados ao nosso canal 0800 são mantidos em sigilo e só são divulgados publicamente com o consentimento das vítimas ou com a aprovação da equipe técnica responsável pelo acolhimento. Veja abaixo a nota do ministro Silvio Almeida: Repúdio com absoluta veemência às mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país. Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebi são ilações absurdas com o único propósito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro. Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim as condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro. Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseado em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para a Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso. As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denúncia caluniosa”. Tais difamações não serão encontradas par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estes não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e o mal de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias. Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e definidas a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e continuarei lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem aquele tirar que o representa. Você está tentando apagar a minha história com o meu sacrifício. SILVIO ALMEIDA MINISTRO DE ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS E DA CIDADÂNIA
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