Publicado em: 17 de março de 2023
Prazo para recebimento de projetos encaminhados por interessados aguardar aberto o dia 17 de abril até de 2023
ADAMO BAZANI/ALEXANDRE PELEGI
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Setram – Secretaria Executiva de Transporte e Mobilidade Urbana e SPTrans – São Paulo Transporte S/A, publicou nesta sexta-feira, 17 de março de 2023, a abertura de “Chamamento Público” destinada a xarope colaborações quanto à implantação do “Projeto Tarifa Zero” no Sistema de Transporte Coletivo de ônibus da capital.
As colaborações devem ser enviadas até o dia 17 de abril, e poderão ser realizadas na forma de projetos, levantamentos, pesquisas e estudos quanto à implantação do projeto.
Para subsidiar as colaborações, a prefeitura abriu os dados do Sistema de Transporte Coletivo para consultar os interessados. Tais dados estão disponíveis nos eletrônicos e http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/transportes/institucional/sptrans/acesso_a_informacao/index.php?p=158617.
TARIFA ZERO
O assunto foi lançado pelo prefeito Ricardo Nunes, que diz que a SPTrans avança nos estudos. Mas ainda há uma série de dúvidas e entraves, como os custos da gratuidade total e as fontes de recursos. O sistema de ônibus em São Paulo custou, em 2022, R$ 10 bilhões e, a estimativa para este ano é ter custos de R$ 12 bilhões.
Ocorre que há estimativa de estes custos aumentam ainda mais com o “Tarifa Zero”, porque mais gente irá para os ônibus, o que exigirá expansão da frota e da infraestrutura de terminais e corredores, insuficiente para os 13,2 mil coletivos atuais; imagina-se o que serão os custos para uma frota maior.
Além disso, pode haver uma migração de passageiros do metrô e dos trens para os ônibus se o sistema de trilhos não for também gratuito. Além disso, na conta dos R$ 12 bilhões não está prevista a inclusão dos ônibus elétricos. Cada veículo elétrico pode custar até R$ 3 milhões e ainda tem uma infraestrutura de recarga de baterias e distribuição de energia. Para esta eletrificação, haverá uma fonte específica ou os investimentos iniciais que são altíssimos vão para a conta do sistema e serão concedidos pela “Tarifa Zero”.
São dez principais dúvidas sobre a “tarifa zero”:
- Tarifa zero vai aumentar em quanto a demanda de passageiros dos ônibus?
- Vai ter de aumentar a frota em quanto?
- Este aumento de frota vai significar um custo total do sistema maior que os R$ 12 bilhões de hoje em quanto?
- Mas não é só a frota: a cidade está preparada para receber (de forma eficiente – destaca-se) mais ônibus? – Terá de reformular linhas? Os terminais e corredores de ônibus atuais são suficientes para uma frota maior?
- Vai ter migração de passageiros do metrô, trem e ônibus metropolitanos se estes não tiverem tarifa zero? Por exemplo, hoje, como Bilhete Único, o passageiro pode pegar o sistema de trilhos e ônibus de forma integrada. Se os ônibus forem de graça e o metrô/trem não, será que as pessoas não vão preferir usar mais linhas de ônibus, mesmo que demore mais, para não pagar o deslocamento.
- Antes de pensar em tarifa-zero, não seria melhor tornar o sistema de ônibus mais racional (não confundir com mero cortes de linhas) para não se subsidiar a ineficiência?
- O debate da tarifa zero não está sendo um “colocar a carroça antes dos bois”, deixando para trás questões mais urgentes, como reorganizar as linhas e os serviços, ampliar a tecnologia de gerenciamento e monitoramento e também aumentar a qualidade e dar mais infraestrutura para os ônibus que não fluem porque ficam presos no trânsito e possuem pouca prioridade no espaço urbano pela quantidade de frota e de pessoas atendidas (que vai aumentar com uma eventual tarifa zero)?
- São Paulo está trocando ônibus a diesel por ônibus elétricos que custam três vezes mais e inundam até uma infraestrutura de recarga e distribuição de energia que não existe na cidade. Até a consolidação de uma frota elétrica, isso vai representar um custo muito alto para o sistema vai exigir financiamento só para este fim. Quanto seria este custo e será um dinheiro só para financiar a aquisição, implantação de infraestrutura e operação dos ônibus elétricos?
- O custo dos terminais a mais necessário para uma demanda e frota maiores terão financiamento próprio ou entrarão na conta do tarifa-zero?
- Como será o controle de demanda? ser uma bilhetagem específica com cotas suspensas (como é dos idosos entre 60 anos e 64 anos) para coibir fraudes e uso irresponsável do sistema de ônibus?
Adamo Bazani e Alexandre Pelegi, jornalistas especializados em transportes
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