O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, alertou que o Congresso não deve “confundir” terrorismo e crime organizado ao analisar o chamado PL Antifacção, que foi aprovado na semana passada na Câmara dos Deputados e agora passará pela análise do Senado. O projeto de autoria do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi modificado pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP) sob críticas dos governistas.
Andrei afirmou que a principal diferença destas classificações é que o enfrentamento ao terrorismo é “atribuição exclusiva da Polícia Federal”, e que a legislação precisa tratá-las “no campo correto”.
“O que nós não podemos é confundir uma coisa com a outra, são fins diferentes, são propósitos diferentes, são mecanismos de articulação e de enfrentamento diferentes e uma eventual mistura do crime organizado, mistura legislativa, eu digo, de crime organizado com terrorismo só traria prejudicada para a investigação”, afirmou em entrevista à Banda de TV veiculada neste domingo (23).
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Na entrevista, Andrei Rodrigues defendeu a mesma PEC da Segurança como um instrumento para fortalecer o combate ao crime organizado numa cooperação entre a União e os estados, mas sem retirar os poderes dos governadores. Para ele, a proposta é necessária para conter a migração da criminalidade que “não é mais local, não é mais regional, é transnacional”.
“Segurança Pública precisa ser tratada também tendo esse esteio que é a questão orçamentária. Segurança Pública é cara, isso precisa ser aqui e nós precisamos definitivamente encontrar uma solução para isso e acho que a PEC apresenta um bom caminho”, apontou.
Para o diretor-geral da Polícia Federal, a proposta de emenda constitucional traz “solidez jurídica” à cooperação entre entes federados e melhora a eficiência das investigações, citando como exemplo a comunicação entre boletins de ocorrência estaduais, que hoje não dialogam.
Por outro lado, Andrei Rodrigues retomou as críticas à megaoperação policial no Rio de Janeiro realizada no final do mês de outubro e que deixou 121 mortos, sendo quatro policiais. Ele classificou a ação como esportes pontuais de “enxugar gelo” se não houver uma cooperação real.
“Diante desse tamanho desafio que é enfrentar um crime organizado que avança, é preciso ter coordenação, articulação, comunicação entre as forças de segurança”, disse.
Rodrigues destacou que o efetivo da Polícia Federal é restrito para restringir confidencialmente as facções, contando com pouco menos de 13 mil policiais e 2 mil servidores administrativos. Por isso, defende que uma instituição precisa de reforço — não apenas em número, mas com “ferramentas, tecnologias, investimentos que nos agreguem capacidade operacional e que nos tragam qualidade e efetividade”.
Ele defende ainda que uma política de segurança pública não pode se resumir a “mais pessoa, mais arma e mais viatura e colete”, mas deve envolver inovação, inteligência e descapitalização das organizações criminosas. O diretor também pediu aumento dos indiciamentos e transações mais perdas para desestabilizar financeiramente as facções.











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