
O presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, anunciou neste domingo (16) que as dificuldades enfrentam limitações para incorporar reivindicações dos povos indígenas e movimentos sociais nas negociações climáticas multilaterais de 195 países da ONU.
Após receber a carta da Cúpula dos Povos — documento elaborado ao longo de dois anos e lido durante quase meia hora diante de milhares de pessoas em Belém — ele fez um discurso breve, de menos de dois minutos, no qual exaltou a mobilização, mas lembrou o peso das amarras diplomáticas.
Lago afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) queria que a COP 30 fosse marcada pela influência da sociedade civil. Ele destacou que a pressão das ruas “fortalece de maneira incrível a posição do Brasil”, mas anunciou que as negociações da ONU seguem rito rígido, dependente do consenso entre 195 países.
“É uma negociação superdifícil”, disse, admitindo que, apesar da força simbólica da carta, há limites concretos para atender todas as demandas, especialmente aquelas centrais ao movimento indígena.
Documento da Cúpula dos Povos aponta capitalismo como causa da crise climática
O documento entregue ao presidente da COP 30 reúne 15 propostas principais, alinhadas às pautas históricas da esquerda e articuladas por 1,1 mil organizações de 65 países. Entre os pontos centrais estão a exclusão dos mecanismos de compensação vistos como ineficazes, a defesa do feminismo como eixo político e a crítica direta ao capitalismo, apontada como causa da crise climática.
O texto também afirma que as situações periféricas são as mais impactadas pelos eventos extremos e rejeitam qualquer medida que não altere estruturas econômicas. A entrega da carta ocorreu um dia após a Marcha Global pelo Clima mobilizar cerca de 70 mil pessoas em Belém, num ato de resistência que reuniu movimentos, povos tradicionais e participantes de várias nacionalidades.
A CEO da COP 30, Ana Toni, acompanhou o ato no palco sem discursar. Também foram apresentados o Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva; a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; e o secretário-geral da Presidência, Guilherme Boulos.











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