União Europeia quer criar sua própria CIA

A União Europeia (UE) pretende criar um serviço de inteligência próprio para reunir e analisar informações de segurança fornecidas pelos países-membros, segundo revelaram nesta terça-feira (11) a Euronews eo Tempos Financeiros.

A proposta, impulsionada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visa ampliar o uso operacional dos dados já disponíveis e fortalecer o papel de Bruxelas na progressão da política de segurança e inteligência do bloco.

“Os serviços secretos dos países da UE sabem muito. A Comissão também. Precisamos de uma maneira melhor de reunir isso e ser útil aos parceiros”, disse ao Tempos Financeiros uma fonte envolvida no projeto.

De acordo com as publicações, o novo órgão seria formado dentro do Secretariado-Geral da Comissão Europeia e contaria com servidores cedidos por agências de inteligência nacionais dos países-membros da UE. A medida busca melhorar a resposta europeia às ameaças externas, especialmente no contexto da invasão da Rússia à Ucrânia e das incertezas sobre o apoio militar dos Estados Unidos em caso de ampliação do conflito.

A iniciativa, no entanto, já despertou críticas entre diplomatas europeus, que veem o plano como uma tentativa de expandir o poder da Comissão Europeia em áreas tradicionalmente controladas pelos Estados nacionais. Representantes do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) alertaram que uma nova estrutura poderia duplicar funções já desempenhadas pelo Centro de Inteligência e Situação da UE (Intcen), que atualmente coordena uma troca de informações estratégicas entre os governos.

Embora o plano ainda não tenha sido apresentado oficialmente aos 27 países da União Europeia, diplomatas afirmaram, segundo a mídia local, que países como Alemanha e França deverão resistir a novos poderes de inteligência em Bruxelas. Estados com grandes agências nacionais, como é o caso dos dois países citados, historicamente mostram cautela ao compartilhar informações sigilosas com parceiros, especialmente com governos considerados pró-Rússia, como o da Hungria.