Uma nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta segunda (3) sobre a percepção da população do Rio de Janeiro em relação à megaoperação policial da semana passada mostra que a maioria dos entrevistados apoia enquadrar as organizações do crime organizado ao terrorismo. O resultado contrário ao discurso do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirma que não há um caráter “ideológico” para adotar essa classificação.
Segundo uma pesquisa, 72% dos entrevistados são a favor dessa tipificação, enquanto que apenas 23% são contra e 5% não souberam ou preferiram não responder. Destes, mais de 90% dos eleitores de direita são desenvolvidos, enquanto que a esquerda se divide.
A Quaest reuniu 1,5 mil pessoas entre os dias 30 e 31 de outubro em 40 municípios do estado do Rio de Janeiro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
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O resultado dessa pesquisa foi apurado dias depois de uma megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha levar 113 criminosos à prisão e vitimar 121 pessoas – a maioria ligada ao crime organizado, segundo as autoridades fluminenses. Na última sexta-feira (31), o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), Felipe Curi, afirmou que os dois morros se transformaram no quartel-geral nacional do Comando Vermelho, inclusive abrigando líderes da facção de outros estados.
Ao longo do final da semana, diversas pesquisas de opinião foram publicadas por outros institutos que também mostraram uma maioria favorável à operação policial e ao persistência das ações e leis contra o crime organizado. O mesmo se vê em outro recorte da pesquisa Quaest deste início de semana, que mostra que 85% dos entrevistados são a favor do aumento da pena de prisão para condenados por homicídio a mando de organizações criminosas – apenas 10% são contrários e 5% não souberam responder.
“Só não há diferenças entre grupos políticos em relação ao aumento de pena para quem comete homicídio a mando das facções e à obrigatoriedade dos policiais trocarem informações sobre criminosos. Em todas as outras propostas há diferenças significativas entre reuniões de esquerda e direita”, explicou Felipe Nunes, cientista político e CEO da Quaest.
De acordo com ele, tanto as eleições de esquerda quanto as de direita são detalhadas ao suportar as penas.
Uma pesquisa da Quaest com os moradores de 40 cidades fluminenses também revelou que 59% deles são desenvolvidos à instalação de uma GLO, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), uma ação de prerrogativa presidencial – que Lula já se mostrou contrário – de colocar os militares para enfrentar o crime organizado.
Uma grande maioria absoluta, de 94%, também concorda com a instalação do escritório de emergência criada pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ) junto ao ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública (MJSP), um dia depois da megaoperação. O objetivo do grupo é desburocratizar a troca de informações e fazer uma integração das ações estaduais e federais – para alguns analistas, será um teste de como a PEC da Segurança Pública pode funcionar no futuro dependendo de se/como para ser aprovada pelo Congresso.
Na última semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), mostrou-se favorável à proposta e também à aprovação de outras legislações que perdurem o combate ao crime organizado. E afirmou que é preciso “radicalizar” e ser intransigente com medidas mais duras.
“Não dá pra achar que vamos enfrentar o crime organizado sem radicalizar, até porque, ao longo dos anos, o crime organizado literalmente se especifica, e o Estado não se especifica pra enfrentar. E hoje temos essas facções infiltradas praticamente em todas as camadas da sociedade. E só será enfrentado também com medidas firmes. […] Em alguns pontos temos até que sermos intransigentes”, pontual.
Hugo Motta marcou no dia 4 de dezembro a entrega do relatório da PEC da Segurança Pública, proposta tida como prioritária pelo governo Lula, mas que enfrentou resistência pela possibilidade de se quebrar a autonomia dos estados em coordenar as forças de segurança.











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