A Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento da França, votará na quarta-feira (4) um movimento de desconfiança contra o primeiro-ministro do país, Michel Barnier. Caso seja aprovado, ele deixará a carga após ocupá-la por apenas três meses.
Os partidos de oposição apoiaram a moção após Barnier utilizar um artigo da Constituição francesa para aprovar uma lei com seu plano de financiamento da previdência social em 2025 sem votação no Parlamento. O primeiro recorreu à medida porque sabia que a proposta não teria votos para passar na Assembleia Nacional.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e o partido de direita nacionalista Reagrupamento Nacional (RN), que juntos somam mais da metade dos 577 assentos na casa, já vinham prometendo apresentar um movimento.
Na semana passada, após uma reunião com Marine Le Pen, líder do RN, Barnier prometeu retirar da sua proposta de orçamento para 2025 uma das “bandeiras vermelhas” destacadas pelo partido: aumentar os impostos sobre energia elétrica.
Entretanto, como o primeiro-ministro manteve outros pontos criticados pelo RN e após a passagem do plano previdenciário nesta segunda-feira, o partido de direita nacionalista anunciou que apoiará um movimento de desconfiança do NFP.
“Apresentei a ele nossas linhas vermelhas e ele se decidiu aceitá-las. Não podemos aceitar esses orçamentos profundamente injustos porque eles fazem os franceses pagarem pela incompetência de [o presidente francês, Emmanuel] Macron”, declarou Le Pen nesta segunda-feira, segundo a Agência EFE.
Barnier é do partido conservador Republicanos (LR) e foi indicado como premiê por Macron em setembro, causando revolta no NFP, que foi a coalizão mais votada na eleição legislativa, mas sua indicada foi rejeitada pelo presidente francês.
Como o partido de Macron, o Ensemble e o LR estão em minoria na Assembleia Nacional, Barnier está numa posição extremamente frágil no Parlamento e deve ser destituído.
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